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CFM já permite reprodução com material de casal do sexo masculino

Casais gays podem ter bebês com material genético dos dois pais

Por Raphael Gonçalves Neto em 01/05/2022 às 19:37:21

Casais gays podem ter bebĂȘs com material genético dos dois pais - Arquivo pessoal


A relação com a prima continua o mesmo. "A gente se fala praticamente todos os dias. Infelizmente a gente mudou para São Paulo, ela estĂĄ em BrasĂ­lia. Mas em breve ela deve vir visitar a gente, visitar os bebĂȘs. É um prazer gigantesco, mas é sempre bom lembrar que barriga solidĂĄria não configura mudança em arranjo familiar. Então a relação dela com os meus filhos é a mesma se tivesse nascido do meu próprio Ăștero, então ela é tia ou prima dos bebĂȘs, como elas preferirem", disse Gustavo.

O casal de engenheiros e criadores de conteĂșdo montou no Instagram o perfil @2depais para compartilhar todo o processo de fertilização in vitro, gestação, parto e os melhores momentos da vida de Marc e Maya.

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Mudança

Antes da atualização desta resolução, só era permitido aos casais homoafetivos do sexo feminino a gestação compartilhada, onde uma das mulheres captava os óvulos e a outra gestava, com espermatozoides doados. "Na resolução de 2021 entrou o entendimento de que casais do sexo masculino tem essa total liberdade. Mas, no caso do casal masculino, não pode ser embriões provenientes de espermatozoides de um e de outro, tem que ser de um ou de outro, porque a carga genética precisa ser conhecida", explica a médica especialista em reprodução assistida na Huntington Medicina Reprodutiva, Thais Domingues.

A resolução diz que "Na eventualidade de embriões formados de doadores distintos, a transferĂȘncia embrionĂĄria deverĂĄ ser realizada com embriões de uma Ășnica origem para a segurança da prole e rastreabilidade".

Avanço

Membro da Câmara Técnica do CFM que se dedica ao tema da reprodução assistida e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, o médico Adelino Amaral Silva, especialista em Reprodução Humana Assistida pela Federação Brasileira de Ginecologia e ObstetrĂ­cia (FEBRASGO), considera a atualização da resolução um avanço.

Casais gays podem ter bebĂȘs com material genético dos dois pais - Arquivo pessoal

"A resolução veio acompanhar a evolução dos modelos de famĂ­lia. A união homoafetiva jĂĄ é uma entidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, é totalmente legal. O CFM tinha realmente que legislar em prol desses casais. Isso foi uma proposta que saiu da câmara técnica de maneira que vocĂȘ não descrimine, que inclua e assim tenham direito a fazer a sua famĂ­lia. Eu considero um avanço. Nos Ășltimos dez anos o conselho vem sempre na vanguarda para aperfeiçoar as suas resoluções de acordo com a evolução dos modelos familiares e evolução do perfil sociológico", afirma o médico.

Procedimento

Existem cinco técnicas de reprodução assistida, entre elas a fertilização in vitro (FIV), opção utilizada para os casais homoafetivos. A FIV segue as seguintes etapas: cerca de dez dias depois da menstruação é feita uma medicação subcutânea, que é uma injeção na barriga para fazer os folĂ­culos crescerem, chamada estimulação ovariana.

"Então no Ășltimo dia, que seria perto do dia ovulatório normal da mulher, a gente retira os óvulos por via vaginal e esses óvulos são fertilizados com sĂȘmen de doador, no caso do casal do sexo feminino, e depois de cinco dias são formados os blastócitos [células primordiais do embrião]. Se não tiver indicação de congelamento, eles podem ser introduzidos jĂĄ na mulher, que pode ser tanto naquela que retirou os óvulos, quanto na outra, se ela tiver feito o preparo do Ăștero para receber os embriões", explica a médica.

Para os casais homoafetivos formados por homens, quem faz essa retirada de óvulos é uma doadora. JĂĄ a gestante de substituição deve pertencer à famĂ­lia de um dos parceiros em grau de parentesco consanguĂ­neo até o quarto grau, desde que não ocorra a consanguinidade. Além desse vĂ­nculo, a cedente deve ter pelo menos um filho vivo. No Brasil, não é permitida a "barriga de aluguel", ou seja, a cessão temporĂĄria do Ăștero não pode ter carĂĄter lucrativo.

"Os óvulos podem estar congelados ou pode ser retirado no momento que eles vão colher o sĂȘmen. Os dois podem colher [o sĂȘmen] para fertilizar, mas na hora da transferĂȘncia só pode fertilizar material de um dos dois homens", reforça a especialista.

TransgĂȘneros

Outra novidade da resolução é que foi inserido o grupo de transgĂȘneros para tratamento de reprodução assistida. No entanto, a preparação deve ocorrer antes da mudança de sexo, aconselha a médica.

"É extremamente importante, antes de fazer a mudança de sexo, com uso hormônio e tudo mais, aconselhĂĄ-los a congelar tanto o óvulo, quanto o espermatozoide, para no futuro não precisar passar por um desconforto de parada de hormônios para tentar resgatar uma função do órgão reprodutor".

AgĂȘncia Brasil


Fonte: AgĂȘncia Brasil

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