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Deputado Glauber Braga é detido durante desocupação da Uerj

Por Agência Brasil em 21/09/2024 às 14:33:49

Após 56 dias de ocupação, os estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foram retirados do Pavilhão João Lyra Filho, principal prédio do Campus Maracanã. Eles descumpriram o prazo dado pela Justiça para que saĂ­ssem do edifĂ­cio e, com autorização judicial, a PolĂ­cia Militar entrou no local para retirĂĄ-los.

Houve confronto, policiais usaram bombas de efeito moral, estudantes revidaram com pedras. Estudantes chegaram a ser detidos. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) também foi detido,ao defender os estudantes.

Em nota, a reitoria da Uerj confirmou que, na tarde desta sexta-feira (20), foi concluĂ­da a desocupação do Pavilhão João Lyra Filho e assinada a reintegração de posse dos espaços da Uerj. Segundo a reitoria, a maior parte dos grupos da ocupação "evadiu-se antes que os agentes pudessem identificĂĄ-los. Outros, no entanto, foram detidos e levados para registro de ocorrĂȘncia, visto que se encontravam em descumprimento de decisão judicial".


A reitoria diz ainda que "lamenta profundamente que, apesar de todos os esforços de negociação – oito reuniões com entidades representativas dos estudantes e audiĂȘncia de conciliação com a juĂ­za do Tribunal de Justiça – a situação tenha chegado a esse ponto de intransigĂȘncia por parte dos grupos extremistas da ocupação".

Pelas redes sociais, os estudantes manifestaram indignação com a atitude da reitoria. "É absurdo, é autoritĂĄrio, e só se viu ação assim durante a ditadura militar", dizem em publicação e complementam em outra: "a reitoria da Uerj deu ordens para o choque retirar estudantes pobres de dentro da universidade".

Em nota, o PSOL se manifestou sobre a prisão de Braga. "A prisão do deputado federal do PSOL Glauber Braga se deu de modo arbitrĂĄrio e ilegal, quando nosso parlamentar tentava negociar uma solução pacĂ­fica para a reintegração de posse do Pavilhão João Lyra Filho". O partido informou ter acionado o departamento jurĂ­dico para avaliar as medidas cabĂ­veis contra o estado do Rio de Janeiro.


Na ação, um policial se feriu enquanto manuseava os próprios equipamentos e acabou sendo levado para o hospital.

Reivindicações

Os estudantes protestam contra mudanças nas regras para a concessão de bolsas e auxĂ­lios de assistĂȘncia estudantil. Eles pedem a revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa 038/2024, que estabelece, entre outras medidas, que o auxĂ­lio alimentação passarĂĄ a ser pago apenas a estudantes cujos cursos tenham sede em campi que ainda não disponha de restaurante universitĂĄrio. O valor do auxĂ­lio alimentação serĂĄ de R$ 300, pago em cotas mensais, de acordo com a disponibilidade orçamentĂĄria.

Além disso, ato da Uerj estabelece como limite para o recebimento de auxĂ­lios e Bolsa de Apoio a Vulnerabilidade Social ter renda familiar, por pessoa, bruta igual ou inferior a meio salĂĄrio mĂ­nimo vigente no momento da concessão da bolsa. Atualmente, o valor é equivalente a até R$ 706. Para receber auxĂ­lios, a renda precisa ser comprovada por meio do Sistema de Avaliação Socioeconômica.

As novas regras, segundo a própria Uerj, excluem mais de 1 mil estudantes, que deixam de se enquadrar nas exigĂȘncias para recebimento de bolsas.

A Uerj informa ainda que as bolsas de vulnerabilidade foram criadas no regime excepcional da pandemia e que o pagamento delas foi condicionado à existĂȘncia de recursos. De acordo com a universidade, os auxĂ­lios continuam sendo oferecidos para 9,5 mil estudantes, em um universo de 28 mil alunos da Uerj, e que todos os que estão em situação de vulnerabilidade continuam atendidos.

Regras de transição

Ao longo da ocupação, houve confrontos entre estudantes e universidade. Tanto a reitoria quanto os estudantes alegaram falta de espaço para negociações. A Uerj não recuou no ato, mas estabeleceu uma transição até que as novas regras passem a vigorar.


Entre as medidas de transição estão o pagamento de R$ 500 aos estudantes que deixam de se enquadrar nas regras da Bolsa de Apoio a Vulnerabilidade Social, o pagamento de R$ 300 de auxĂ­lio-transporte e tarifa zero no restaurante universitĂĄrio ou auxĂ­lio-alimentação de R$ 300 nos campi sem restaurante. As medidas são voltadas para estudantes em vulnerabilidade social com renda per capita familiar acima de 0,5 até 1,5 salĂĄrio mĂ­nimo e valem até dezembro.

Sem negociação, o caso acabou judicializado. No Ășltimo dia 17, foi realizada uma audiĂȘncia de conciliação, mas não houve acordo. A juĂ­za determinou a desocupação da universidade, mas garantiu aos estudantes o direito à reivindicação. "Deve ser preservado o direito de reivindicação, devendo, contudo, os alunos, exercer tal direito nos halls existentes nos andares do prédio no perĂ­odo compreendido entre 22h e 6h da manhã, sem qualquer obstĂĄculo ao regular funcionamento da universidade. Os demais espaços que os alunos pretendam ocupar devem ser submetidos à prévia aprovação da reitoria", diz a decisão.

A juĂ­za também agendou para o dia 2 de outubro uma nova audiĂȘncia especial, com o objetivo de buscar um acordo sobre os valores das bolsas de estudo e dos demais auxĂ­lios.



Fonte: AgĂȘncia Brasil

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