Os nĂșmeros foram apresentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) durante o durante o II Fórum do Ato Médico.
O levantamento mostra ainda que os cursos de estética oferecem mais de 1,4 milhão de vagas – 81% delas vinculadas ao ensino à distância. Em junho, a influencer Natalia Becker, proprietĂĄria de uma clĂnica de estética em São Paulo, foi acusada pela morte do empresĂĄrio Henrique Chagas. Á época, NatĂĄlia informou ter feito um curso à distância para aplicar um procedimento conhecido como peeling de fenol."A proliferação de cursos de estética para não médicos e a prĂĄtica frequente do crime de exercĂcio ilegal da medicina motivaram a aprovação de um pacto em favor da segurança do paciente e em defesa do ato médico", informou o CFM, em nota. O documento traz compromissos firmados por representantes dos TrĂȘs Poderes, do Ministério PĂșblico e de entidades médicas, além de órgãos de defesa do consumidor.
A proposta, segundo a entidade, é evitar o que ela se refere como "invasão de competĂȘncias exclusivas do médico". No comunicado, o conselho cita ainda "um quadro de descontrole e de desrespeito" à chamada Lei do Ato Médico e cobra a adoção de medidas urgentes para assegurar a obediĂȘncia ao que estĂĄ previsto na legislação brasileira.
A Lei 12.842/2013 ou Lei do Ato Médico prevĂȘ que procedimentos invasivos, sejam eles diagnósticos, terapĂȘuticos ou estéticos, caracterizados por inserções ou aplicações de substâncias que transpassam as camadas superficiais da pele, devem ser realizados exclusivamente por médicos. "Isso reduz significativamente as chances de exposição dos pacientes a efeitos deletérios", avalia o CFM.
"Em uma simples busca na internet, é possĂvel encontrar vĂĄrias empresas oferecendo cursos online de preenchimento de PMMA em diversas partes do corpo e peeling de fenol 'profundo' para qualquer pessoa que deseja realizĂĄ-lo, sem qualquer restrição profissional. Alguns dos anunciantes, se propõem a fazer a formação com a promessa de retorno financeiro aos inscritos e até liberando os alunos de etapas anteriores à conclusão da atividade", alertou a entidade.
Relatos de complicações relacionadas ao uso do PMMA em procedimentos estéticos também se tornaram mais frequentes no Brasil. Em 2020, uma influencer relatou ter perdido parte da boca e do queixo após fazer preenchimento labial com a substância. Em julho deste ano, uma influencer de BrasĂlia morreu após se submeter a um procedimento estético similar, para aumentar os glĂșteos.
"Esse é mais um desdobramento da teia complexa que envolve prĂĄticas que colocam a população numa zona de insegurança", destacou o conselho. Em março, o CFM divulgou que, a cada dia, pelo menos dois casos de exercĂcio ilegal da medicina passam a tramitar no JudiciĂĄrio ou em polĂcias civis de estados brasileiros. Entre 2012 e 2023, o paĂs registrou 9.566 casos de exercĂcio ilegal da medicina e enquadrados no artigo 282 do Código Penal.
O conselho ressalta que procedimentos estéticos invasivos, como a aplicação de fenol e de PMMA, devem ser precedidos de consulta médica e de exames especĂficos. Outra orientação da entidade é que os procedimentos sejam realizados em ambientes que respeitem as exigĂȘncias da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) e do próprio CFM.
Para saber se um profissional estĂĄ capacitado para realizar um procedimento estético invasivo, a recomendação é que o paciente acesse o site do CFM ou do Conselho Regional de Medicina (CRM) de seu estado, onde é possĂvel fazer uma busca pelo nome do médico ou pelo nĂșmero de registro no CRM.
Fonte: AgĂȘncia Brasil