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No evento, o professor Luiz Augusto Campos, do Instituto de Estudos Sociais e PolĂticos (Iesp) da Uerj e do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), apresentou dados sobre a desigualdade racial na ciĂȘncia e o papel desempenhado pelas cotas raciais na diminuição desse problema.
"As cotas refundam o ensino superior pĂșblico no Brasil, fazendo com que ele encontre suas prerrogativas constitucionais", reflete o pesquisador. "Esses dados ajudam a entender como as cotas estão para além de uma polĂtica de beneficiamento de grupos especĂficos. Na verdade, o que a cota faz é minimamente mitigar as desigualdades que o ensino superior pĂșblico promovia antes delas. Ou seja, elas justificam a existĂȘncia do próprio ensino superior pĂșblico".
A professora Maria Teresa Tedesco, do Instituto de Letras da Uerj, trouxe detalhes do Programa Varia-Idade. A pesquisa, que começou em 2015, analisa relatos de idosos de diferentes bairros do Rio de Janeiro e reĂșne material sobre o ordenamento urbano e o modo de ocupar a cidade. O objetivo é que os dados ajudem a pautar polĂticas pĂșblicas. A pesquisa ainda estĂĄ em andamento.
"Como consequĂȘncia do aumento da expectativa de vida e da longevidade, é preciso ter polĂticas pĂșblicas e sociais que garantam e assegurem o bom atendimento às pessoas idosas. Atendimento de saĂșde, de educação e do bem-estar no geral. Da inclusão na sociedade. Porque sabemos que essas pessoas ficam muitas vezes à margem", disse a pesquisadora.
A pesquisadora Érica Sarmiento, do Departamento de História e da CĂĄtedra Sérgio Vieira de Mello da Uerj, trabalha em algumas ações voltadas especificamente para refugiados no Brasil. Ela citou como umas iniciativas mais bem-sucedidas a articulação de uma lei estadual que garantiu uma forma especĂfica de ingresso de refugiados, apĂĄtridas e imigrantes com visto humanitĂĄrio em universidades pĂșblicas. O primeiro vestibular do tipo foi feito pela Uerj em 2023.
Segundo Sarmiento, a comunidade acadĂȘmica e toda a sociedade ganham com a troca de saberes e aprendizados de diferentes culturas.
"A responsabilidade com o outro implica proporcionar acolhimento. E aĂ vem a importância da universidade como espaço de recepção, de ruptura com estruturas mentais em relação à seleção migratória. Implica também a defesa dos direitos humanos para além dos muros da universidade. E acolher o outro não apenas de forma unilateral, mas com expectativas de aprendizado e de troca de saberes", disse a pesquisadora.
Fonte: AgĂȘncia Brasil