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Evento na Uerj debate educação e ações afirmativas no país

Por Agência Brasil em 23/10/2024 às 14:25:16

Foto: Agência Brasil

Conhecida pelo pioneirismo na adoção de cotas raciais no paĂ­s, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) promoveu nesta terça-feira (22) um debate sobre ações afirmativas no campo da educação. Pesquisadores de diferentes ĂĄreas apresentaram reflexões e iniciativas de combate às discriminações contra grupos étnico-raciais, idosos e refugiados.

Rio de Janeiro (RJ) 22/10/2024 - O professor Luiz Augusto Campos apresentou dados sobre a desigualdade racial na ciĂȘncia. Foto: Fernando Frazão/AgĂȘncia Brasil

No evento, o professor Luiz Augusto Campos, do Instituto de Estudos Sociais e PolĂ­ticos (Iesp) da Uerj e do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), apresentou dados sobre a desigualdade racial na ciĂȘncia e o papel desempenhado pelas cotas raciais na diminuição desse problema.


Segundo a pesquisa de Luiz Augusto, entre 2002 e 2021, o nĂșmero de matriculados no ensino superior pĂșblico que pertenciam ao grupo pretos, pardos e indĂ­genas subiu de 31% para 52%. O grupo formado por brancos e amarelos foi de 69% para 47% no mesmo intervalo de tempo. A Lei de Cotas foi sancionada em 2012.

"As cotas refundam o ensino superior pĂșblico no Brasil, fazendo com que ele encontre suas prerrogativas constitucionais", reflete o pesquisador. "Esses dados ajudam a entender como as cotas estão para além de uma polĂ­tica de beneficiamento de grupos especĂ­ficos. Na verdade, o que a cota faz é minimamente mitigar as desigualdades que o ensino superior pĂșblico promovia antes delas. Ou seja, elas justificam a existĂȘncia do próprio ensino superior pĂșblico".

A professora Maria Teresa Tedesco, do Instituto de Letras da Uerj, trouxe detalhes do Programa Varia-Idade. A pesquisa, que começou em 2015, analisa relatos de idosos de diferentes bairros do Rio de Janeiro e reĂșne material sobre o ordenamento urbano e o modo de ocupar a cidade. O objetivo é que os dados ajudem a pautar polĂ­ticas pĂșblicas. A pesquisa ainda estĂĄ em andamento.

"Como consequĂȘncia do aumento da expectativa de vida e da longevidade, é preciso ter polĂ­ticas pĂșblicas e sociais que garantam e assegurem o bom atendimento às pessoas idosas. Atendimento de saĂșde, de educação e do bem-estar no geral. Da inclusão na sociedade. Porque sabemos que essas pessoas ficam muitas vezes à margem", disse a pesquisadora.

Rio de Janeiro (RJ) 22/10/2024 - A professora Érica Sarmiento, do Departamento de História e da CĂĄtedra Sérgio Vieira de Mello da Uerj. Foto: Fernando Frazão/AgĂȘncia Brasil

A pesquisadora Érica Sarmiento, do Departamento de História e da CĂĄtedra Sérgio Vieira de Mello da Uerj, trabalha em algumas ações voltadas especificamente para refugiados no Brasil. Ela citou como umas iniciativas mais bem-sucedidas a articulação de uma lei estadual que garantiu uma forma especĂ­fica de ingresso de refugiados, apĂĄtridas e imigrantes com visto humanitĂĄrio em universidades pĂșblicas. O primeiro vestibular do tipo foi feito pela Uerj em 2023.

Segundo Sarmiento, a comunidade acadĂȘmica e toda a sociedade ganham com a troca de saberes e aprendizados de diferentes culturas.

"A responsabilidade com o outro implica proporcionar acolhimento. E aĂ­ vem a importância da universidade como espaço de recepção, de ruptura com estruturas mentais em relação à seleção migratória. Implica também a defesa dos direitos humanos para além dos muros da universidade. E acolher o outro não apenas de forma unilateral, mas com expectativas de aprendizado e de troca de saberes", disse a pesquisadora.


Fonte: AgĂȘncia Brasil

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