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Escolas no Rio não incluem crianças com deficiência, mostra relatório

Por Raphael Gonçalves Neto em 23/10/2023 às 23:01:56

Com base no relato de 830 mães, pais e responsĂĄveis, a Defensoria PĂșblica do Rio de Janeiro elaborou o relatório Informações de Familiares sobre Dificuldades de Acesso à Educação para Pessoas com DeficiĂȘncia, que destaca a importância de atuação extrajudicial e judicial para a garantia do direito dessas crianças ao ensino inclusivo e de qualidade.


Apenas no primeiro semestre deste ano, a Defensoria ingressou com 1.066 pedidos relacionados especificamente à mediação escolar para crianças e adolescentes com deficiĂȘncia em vĂĄrios municĂ­pios.


O relatório é resultado do trabalho da Ouvidoria-Geral Externa e do NĂșcleo de Atendimento à Pessoa com DeficiĂȘncia (Nuped) da Defensoria. As principais queixas levantadas pelo relatório são relativas à falta de profissional de apoio escolar, com 476 menções, e falta de adaptação curricular para aluno com deficiĂȘncia, com 260 ocorrĂȘncias.

Segundo a coordenadora do Nuped, a defensora pĂșblica Marina Lopes, o resultado da pesquisa reforça o que os defensores veem no dia a dia dos NĂșcleos de Primeiro Atendimento: estado e municĂ­pios ainda não se adaptaram à Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com DeficiĂȘncia e das normas relativas à educação inclusiva.

"Isso reflete o capacitismo que permeia nossa sociedade. Não é possĂ­vel mais admitir uma escola que não promova adaptações razoĂĄveis ou ofereça apoios necessĂĄrios aos estudantes com deficiĂȘncia. Após a edição da convenção internacional, esse é o parâmetro que deve ser seguido, ou seja, escola inclusiva, com adaptações, bem como a disponibilidade de apoios, caso necessĂĄrio", disse, em nota, a coordenadora do Nuped.


Também foram relatados problemas como falta de mediador, falta de intérprete e instrutor de libras e braille, falta de sala multifuncional e de material adaptado à necessidade do aluno com deficiĂȘncia.


As informações colhidas abordam a situação em escolas de 49 dos 92 municĂ­pios do estado.


O tipo de deficiĂȘncia das crianças e adolescentes mais citado por quem colaborou com o levantamento foi o transtorno do espectro autista (TEA), com 398 registros. DeficiĂȘncia mental, em diferentes nĂ­veis, foi citada em 335 respostas. DeficiĂȘncias fĂ­sicas, visuais e auditivas somam 119 casos.


Em 131 registros, a deficiĂȘncia da criança ou adolescente é transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), e hĂĄ também queixas de familiares de meninos e meninas superdotados (oito ocorrĂȘncias).


As respostas abrangem alunos e alunas com deficiĂȘncia de 1 ano a 18 anos de idade, sendo que a maior parcela estĂĄ na faixa entre 7 e 10 anos (32,4%), entre 4 e 6 anos (26,8%) e entre 11 e 15 anos (22,3%).


A grande maioria dos que participaram do levantamento estuda ou convive com crianças ou adolescentes matriculados na rede pĂșblica municipal (77,2% dos casos).

"Os resultados da pesquisa demonstram que os problemas relativos à educação inclusiva existem não somente nas redes municipais de ensino, mas também na rede estadual, na rede federal e em escolas particulares", disse Marina.


Todos os dados e depoimentos foram levantados pela Ouvidoria entre 23 de junho e 20 de agosto, com a ajuda de entidades parceiras da Defensoria em todo o estado.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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