Pesquisadores da FGV realizaram uma projeção sobre a evolução da obesidade no paĂs e constataram que, caso a doença permaneça com a taxa de crescimento atual, em 2030, vai atingir 24,5% da população. Dentro dessa taxa de crescimento, segundo a pesquisa, algumas parcelas da sociedade são mais vulnerĂĄveis.
Ainda que a obesidade tenha crescido em paĂses ricos e pobres, o estudo constatou que hĂĄ um desequilĂbrio entre consumo e gasto calórico nas populações de baixa renda.
Segundo os dados, alguns motivos que apontam para uma vulnerabilidade maior nessa parcela da sociedade estão relacionados ao acesso a alimentos mais baratos e pobres em nutrientes, com alta densidade calórica.
Além disso, a baixa escolaridade limita também o acesso a informações nutricionais, impactando nos hĂĄbitos alimentares dessa população.
O estudo alerta que a obesidade infantil estĂĄ bastante associada à prevalĂȘncia da doença ao longo de toda vida de uma pessoa. "Esta relação estĂĄ muito mais enraizada do que a maioria dos indivĂduos imagina, começando desde a amamentação".
Segundo a pesquisa, hĂĄ indĂcios de que os hormônios presentes no leite materno contribuem para a saciedade do bebĂȘ e que essa pode ser uma estratégia para diminuir riscos de doenças crônicas como a própria obesidade.
"Neste cenĂĄrio, a interrupção precoce do aleitamento materno e o modo de vida associado a meios de transportes, somado a um elevado viés de sedentarismo, são algumas das causas multidimensionais que contribuem para a obesidade infantil."
O risco de desenvolver obesidade crônica costuma aumentar conforme o indivĂduo vai ficando mais velho – a doença atinge cerca de 6% da população entre crianças e adolescentes.
"Porém, uma vez que a obesidade é estabelecida na juventude, fica muito difĂcil reverter este quadro até a vida adulta".
O estudo aponta ainda maior prevalĂȘncia da obesidade entre mulheres, apesar da prevalĂȘncia de sobrepeso ser maior entre os homens. Dados da Pesquisa Nacional em SaĂșde apontam uma taxa de 22% de obesidade em mulheres e de 18% em homens, enquanto o Ăndice de sobrepeso em homens é de 39% e em mulheres de 34%.
A FGV destaca, entretanto, que a obesidade entre mulheres não costuma ser tão grave quanto em homens, jĂĄ que o aumento de peso no pĂșblico masculino é ligado à região do abdômen e à possibilidade de doenças cardiovasculares.
A pesquisa também relaciona a obesidade a outras doenças. A prevalĂȘncia de hipertensão, diabetes e colesterol alto, por exemplo, chega a ser duas vezes maior em pessoas obesas. Os nĂșmeros indicam 41,5%, 13,4% e 21,7% para o aumento de chance de obesos desenvolverem cada uma dessas doenças, respectivamente.
Além disso, enfermidades respiratórias como asma ou bronquite também são mais frequentes entre pessoas consideradas obesas (5,9%) que entre pessoas com peso normal (4,7%). O mesmo ocorre com condições relacionados à mobilidade, como artrite e problemas na coluna ou nas costas, que acometem respectivamente 11,3% e 24,9% dessa parcela da população.
De acordo com o estudo, o consumo de leguminosas como feijão e ervilha e de oleaginosas como amendoim e castanhas estĂĄ associado a menores chances de ganho de peso.
Segundo a FGV, o consumo do prato brasileiro clĂĄssico, composto por arroz e feijão, não traz riscos de aumento de peso. JĂĄ outro costume do brasileiro, o churrasco, estĂĄ associado a efeitos gritantes para o excesso de peso e a obesidade, principalmente quando associados a falta de prĂĄtica de exercĂcios e ao consumo de bebida alcoólica.
Fonte: AgĂȘncia Brasil