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Substância em veneno de cobra jararacuçu pode inibir avanço da covid

Por Raphael Gonçalves Neto em 24/08/2021 às 20:00:48

Pesquisadores de universidades paulistas identificaram uma proteĂ­na presente no veneno da cobra jararacuçu que pode ajudar no tratamento da covid-19. O peptĂ­deo identificado, ou seja, uma parte da proteĂ­na, inibiu 75% da capacidade do vĂ­rus de se replicar em células de macaco. O estudo da Universidade Estadual Paulista JĂșlio de Mesquita Filho (Unesp), em Araraquara (SP), foi publicado na revista cientĂ­fica Molecules, em 12 de agosto.

O professor do Instituto de QuĂ­mica Eduardo Maffud, um dos responsĂĄveis pelo estudo, explica que o grupo de pesquisa jĂĄ havia identificado toxinas no veneno da jararacuçu que tinham atividade antibacteriana. "Com o avanço da covid, a gente posicionou vĂĄrios dos nossos peptĂ­deos para ver se eles apresentavam atividade contra o SARS-CoV-2. Felizmente a gente obteve esse resultado interessante", disse o pesquisador.

De acordo com o pesquisador, um possĂ­vel remédio com o composto descoberto, ao desacelerar a replicação do vĂ­rus da covid-19, daria mais tempo para o organismo agir e criar os anticorpos necessĂĄrios para resistir à doença. "Isso ainda estĂĄ em andamento, precisaria de estudos adicionais, mas a gente viu que esse peptĂ­deo impede a replicação ou a multiplicação das partĂ­culas virais", acrescenta Maffud.

Os pesquisadores vão avaliar também a eficiĂȘncia de diferentes dosagens da molécula, e se ela pode exercer funções de proteção na célula, o que poderia evitar, inclusive, a invasão do vĂ­rus no organismo.

Segundo Maffud, os estudos vão seguir com a identificação de outros alvos em que esse peptĂ­deo pode agir e no melhoramento da atividade dessa molécula para, então, serem feitos testes in vivo em cobaias, como camundongos. "Se o resultado for positivo, vamos desenvolver um tratamento."

Além de cientistas da Unesp, o trabalho envolveu pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Foi um trabalho multidisciplinar, mostrando que a união dos grupos de pesquisa no Brasil pode apresentar resultados muito interessantes", destacou o professor da Unesp.

AgĂȘncia Brasil











Fonte: AgĂȘncia Brasil

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